domingo, 13 de novembro de 2016

O Deserto

Hoje eu tenho medo do mar.
Saber que sua imensidão é finita não me alivia.
O céu é infinito, e por mais que saibamos sobre ele, podemos esperar qualquer coisa.
O mar não. Deveríamos saber o que vai acontecer, o que vamos encontrar. Mas nunca sabemos.
A venustidade que o imenso verde azulado mar pode nos causar é inebriante.
É eterno. Como se fosse amor. Acho que é amor.
Ninguém esquece do som do mar.
Ou como as curvas desenhadas a cada vento.
E dos encontros com o sol.
A dança com a lua.
E da fúria quando se junta com a chuva.
As vezes eu esqueço a força que o mar tem.
Eu entrei em tuas águas, e não queria mais estar em terra firma.
Na harmina do seu balanço me entreguei.
As vezes eu me afogava, mas não me importava.
E quem está ao mar, a alto mar não escapa de estar a deriva.
A correnteza te leva, e você não sabe mais do seu rumo.
Olhei em volta e só a havia a serenidade. A calmaria. Nenhum som.
Nem vento. Nem chuva.
Um deserto líquido.

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