domingo, 16 de dezembro de 2012

Laços

Nas suas letras me vi em forma de passado.
Planejei, sonhei, casaria, deixei, chorei, desabei.
Cai. Caí tão fundo que sorri.
Escalando, a muralha. Eu sei que vou cair de novo.
E chegando quase no topo, eu me perguntei o porque eu não desistia e pulava logo.
Minhas mãos estavam tão agarradas que começou a tingir de vermelho as pedras.
Estagnei bem naquela parte onde as músicas sem querer se tornaram algum tipo de promessa.
Eu pensei no certo e no errado, se é que eles existem.
Pensei nos nós. Nós. Bem amarrados, embaraçados.
Engraçado, tudo fica engraçado aqui do alto.
Estava tudo bem até, eu perceber que eu continuaria a escalar aquela muralha, ou até mesmo pulasse.
Estava tudo bem até, eu perceber que não era a muralha.
Era eu.
Me tornando passado de um presente recente. De um presente que talvez tivesse um futuro.
Eu falei que era engraçado.
Foi tanta gentileza que o adeus virou verdade.
E aqui de cima, a brisa seca meu peito.
Só aqui de cima eu pude perceber o que é não ter apoio. Escalei sem cordas.
Estou amarrada apenas a laços de cetim dourado.
Lembra de como chovia? O seu vestido preto. E o doce, não o seu beijo, mas aquele que era envolvido na fita dourada.
Meu lado esquerdo não quer entender o impossível.
Até porque tornamos possível, o que não passaria de um feriado, o que não passaria de textos, músicas, de, o que mesmo?
Esquecimento.
É isso que acontece agora?
Como eu consegui chegar aqui em cima?
Esses laços, e as minhas mãos vermelhas? Chuva? E esse gosto doce na minha boca?
Eu questionava enquanto eu caía e sorria.