As segundas, eu me sinto ninguém.
O resto de domingo dorme em meus olhos e não consigo acordar.
Automático.
Acordar. Roupa. Trem. Sol. Trabalho.Noite.
Eu não sinto as horas passar. Mais uma na multidão.
Mais algumas letras, que ninguém lerá.
A espera pelo novo ciclo, e a felicidade de ser alguém.
Quando irei me pertencer novamente?
E quando foi que me perdi, me vendi?
Se senti felicidade? Talvez sim.
O caminho está chegando ao fim, e é a parte que dói mais.
Que demora mais, que aperta, amassa, esgarça, entorta, sufoca.
Não, eu ainda não estou morta.
E não morrerei.
Exagero, concordo.
Eu já andei por outros desertos, e eu sei que vou encontrar o caminho de volta pra casa.
Como faço todos os dias.