terça-feira, 15 de outubro de 2019

Segundas

As segundas, eu me sinto ninguém.
O resto de domingo dorme em meus olhos e não consigo acordar.
Automático.
Acordar. Roupa. Trem. Sol. Trabalho.Noite.

Eu não sinto as horas passar. Mais uma na multidão.
Mais algumas letras, que ninguém lerá.

A espera pelo novo ciclo, e a felicidade de ser alguém.

Quando irei me pertencer novamente?
E quando foi que me perdi, me vendi?

Se senti felicidade? Talvez sim.
O caminho está chegando ao fim, e é a parte que dói mais.
Que demora mais, que aperta, amassa, esgarça, entorta, sufoca.
Não, eu ainda não estou morta.

E não morrerei.
Exagero, concordo.

Eu já andei por outros desertos, e eu sei que vou encontrar o caminho de volta pra casa.
Como faço todos os dias.

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